Um livro onde vida e obra de Sylvia Plath se misturam em um contínuo suspense sobre os fatos que antecederam sua morte. Em A Redoma de Vidro, Sylvia relata fatos de sua vida com detalhes e conta os melhores e piores momentos desde a sua chegada a Nova Iorque até sua internação.
Já adianto que esta resenha ficará bem longa, mas é que tenho algumas coisas pra comentar aqui. Portanto, se quiser saber mais detalhes sobre este livro, me acompanhe nesta resenha completa e cheia de spoilers!
Sobre o que é A Redoma de Vidro?
A Redoma de Vidro é um romance autobiográfico de Sylvia Plath, que utiliza na obra um pseudônimo para se descrever que é Esther Greenwood. Contudo, em sua primeira publicação, ela utilizou um pseudônimo como autora de Victoria Lucas. A ideia era que ela pudesse relatar os principais fatos de sua vida que culminarão em suas crises nervosas e de depressão, que a levaram ser internada algumas vezes em hospitais psiquiátricos.
O motivo da escolha por um pseudônimo, que eu acabei descobrindo investigando a vida dela, foi que ela optou em não expôr seu verdadeiro nome para preservar sua família. Já que naquela época, entre os anos 40 e 50, era um tabu falar sobre depressão e problemas psiquiátricos (principalmente).
A Redoma de Vidro é um romance escrito de forma linear, porém bastante fragmentado, principalmente da metade do livro até o final. Sylvia escreve sobre acontecimentos importantes que marcaram sua vida, desde sua chegada a Nova Iorque, para um estágio com bolsa em uma revista de moda, até o dia em que sua mãe a leva para uma consulta com psiquiatra que a interna pela primeira vez.
A narrativa de Sylvia Plath
Nunca tinha lido um livro antes, do qual eu fiquei fascinada com a história desde as primeiras linhas do texto. Eu conheço que estava com medo de ler o livro e adiei sua leitura por muitos anos, por conhecer sua história de vida.
Mas é uma bobagem, pois Sylvia mostra porque é uma escritora renomada e premiada, mesmo que postumamente. A sua narrativa é surpreendentemente envolvente.
Tanto que eu tive um pouco de dificuldade durante a leitura, de perceber a manifestação da doença dela, como no episódio em que ela relata o dia em que visitou o túmulo do pai, sentou e chorou em frente a ele debaixo de uma chuva que parecia com uma tempestade.
O que me deixou ainda mais impressionada foram seus relatos de pensamentos suicidas. A maneira calma e quase que normalizada que ela conta o que ela pensava em fazer, como e se daria certo. É muito chocante, pois um dos sinais mais nítidos que sua depressão estava a afetando bastante, quando ela diz:
Também fazia três semanas que eu não lavava o cabelo.
E sete noites que não dormia.
Ela ainda justifica que o fato de ela não lavar o cabelo, é porque não sentia a menor vontade de ficar fazendo esforço por uma ação de repetição. Como se ela estivesse apenas com preguiça daquilo e não pelo fato de já estar profundamente afetada por conta da doença.
Passagens em clínicas psiquiátricas
Em dois momentos da história, Sylvia conta como foram suas passagens em duas clínicas psiquiátricas diferentes. Ela relata com muitos detalhes os ambientes, os pacientes que lá ela encontrou e os momentos de terror que ela passava ao receber o tratamento de eletrochoque em sua primeira internação.
Se alguém fizer aquilo comigo mais uma vez, eu vou me matar.
Esta é a fala de Sylvia, no caso Esther, para a Dra. Nolan, a psiquiatra responsável pelo tratamento dela. Quando Sylvia justifica e descreve para a médica tudo que sentiu na primeira vez que recebeu o eletrochoque:
Contei à Drs. Nolan sobre a máquina, as cintilações azuladas, os clarões e o barulho. Enquanto eu falava, ela me olhava sem se mover.
Sylvia conta com detalhes sua primeira sessão e como ela sentiu todo o procedimento. O que acabou causando um trauma com relação a terapia de eletrochoque.
E é durante suas passagens pelas clínicas que percebemos como Sylvia é uma pessoa extremamente observadora. Pois ela consegue prever algumas situações antes mesmo delas acontecerem.
Isso ocorre porque ela sabe observar os padrões nos comportamentos que levam a determinadas ações. E isso a faz deduzir que receberá na segunda clínica, mais sessões de eletrochoque. E é o que acaba acontecendo.
Para quem eu indico A Redoma de Vidro?
A princípio, para todo mundo que aprecia literatura estrangeira, biografias e que estuda psicologia, principalmente. No entanto, este livro tem assuntos bastante sensíveis para pessoas que sofrem de depressão. Portanto, não é uma leitura recomendada, pois pode acionar certos gatilhos, sem falar que em alguns momentos a história fica meio perturbadora.
De um modo geral, eu amei o livro e a escrita de Sylvia Plath. Confesso que acabei ficando ainda mais obcecada por ela. Tanto que ao acabar de ler, comprei vários livros seus para ler daqui um tempo. Sem falar que na minha wishlist contém muitas outras obras dela que também quero ler.
A Redoma de Vidro pode ser a inspiração para escritores que precisam um romance que mescla fatos reais com ficção, ou que desejam estudar narrativas cujo o narrador é o personagem principal, apesar de que só hoje sabemos disso. Esta autobiografia de Sylvia Plath até me inspirou a buscar mais conteúdos literários como contos e ensaios.
Eu acabei redescobrindo meu gosto pela leitura, pois eu devorei esse livro em apenas 15 dias, tamanha a fascinação que sua escrita me traz. Agora entendo porque ela é uma escritora tão aclamada.
Se você, assim como eu, está com receio de ler A Redoma de Vidro, não tenha, não deixe que o fatídico fato de ela ter se matado alguns meses após a publicação deste romance te desencoraje. A escrita de Sylvia Plath tem muito mais a nos ensinar do que apenas a conhecermos como a escritora que se matou.
Vida e obra de Sylvia Plath
Já no primeiro capítulo, nos é apresentada uma Sylvia escritora prodígio, que ganha prêmios locais com sua escrita e uma bolsa de estágio que a leva para Nova Iorque, onde as portas começam a se abrir para Sylvia e ao mesmo tempo tudo começa a desabar. Mas desde muito nova, Sylvia já escrevia em diários, que mais tarde foram incorporados à sua obra postumamente.
Ao longo da história neste livro, Sylvia explica o que é a “Redoma de Vidro”, que nada mais é que um estado ema que ela se encontra sufocada, algo que a aprisiona e não permite que ela seja ela mesma. Sendo que na verdade nós, leitores e ela também, que essa redoma é a depressão no seu estágio mais profundo.
Depois de ler o livro, percebi que não havia outra saída para Sylvia se não realmente o suicídio. Isso porque a falta de recursos da época, somados ao fato de ela estar num estágio mais profundo da doença, maníaca suicida, e infelizmente a medicina da época não tinha as ferramentas adequadas pra tratar aquele nível de depressão que Sylvia e muitas outras pessoas tinham.
Aquela manhã eu dera o primeiro passo.
Tinha me trancado no banheiro, enchido a banheira de água morna e pegado uma gilete.
Resumindo…
A sequência em que os fatos são narrados por Sylvia Plath em A Redoma de Vidro, mostra que a princípio que ela estava realizando um sonho. Sylvia sai de uma pequena cidade chamada Nova Inglaterra, se destaca na área da escrita e vai para Nova Iorque. Porém sua doença a consome a ponto de ela passar mais tempo pensando em como se matar que isso acaba prejudicando sua produtividade na escrita e culmina nas suas duas internações.
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Muito bom ! Da Sylvia Plath eu já tinha livros de poemas, cheios de conteúdo. Excelentes. Os romances ainda não li. Interessante essa resenha, me instigou a lê-los. Obrigada.
Comprei vários livros dela é esse aqui posso te emprestar pra ler. Tenho certeza que vai gostar!