Há bastante tempo queria resenhar Bonequinha de Luxo, o livro e o filme, para compará-los. O enredo do filme é basicamente isso, Holly Golightly (Audrey Hepburn) é uma jovem de língua afiada, esperançosa, pobre pobre de Marré De Ci, que sonha em se casar com um milionário, seja ele quem for.
Quem é a Bonequinha de Luxo
Holly é uma jovem de poucas posses, muitos amigos e vontade de sobra pra conseguir o que quer. De hábitos nada convencionais, a sua trajetória no filme é marcada insistentemente pela busca a um casamento perfeito.
Homens ricos sim, bonitos? Não necessariamente. Entre um drink e outro, um cigarro aqui e umas notas de 50 ali (ela cobra U$50 de cada cavalheiro apenas para ir ao toilet e mais U$50 para o taxi) ela vai levando sua vida num apartamento num West Side em NY.
Engana-se quem pensa que a trama se passa em torno da joalheira mais famosa do mundo, Tiffany & Co, onde é o lugar mais seguro do mundo, segundo sua concepção. O filme chega a abordar uma Holly frágil, de sentimentos confusos e super apegada ao irmão Fred (que aparece uma única vez numa fotografia).
Bom, o lado sentimental confuso as vezes é confundido com a determinação pifa de Holly em conseguir um bom partido (entenda-se rico) a qualquer custo, não medindo esforços para isso, nem que ela tenha de se passar por uma leva e traz de mensagens codificadas de um velho “bonachão” mafioso preso em Sing Sing.
“Fred querido, pode segurar um instante para mim? Uma garota não pode receber esse esse tipo de notícia sem um batom”
Minha experiência com a leitura e o filme
Uma coisa que me deixou um pouco frustrada em relação a adaptação para o cinema é de que Holly muitas vezes é abordada como uma garota de programa (por isso o título Bonequinha de luxo) de homens mais abastados.
Enquanto o livro dá uma visão completamente diferente, chegando até a falar em quantos “amantes” a garota teve em toda sua vida. Outro fator que ficou distorcido em relação a obra original é o fato de que no filme Holly fica grávida e José (diplomata brasileiro) ir morar com ela depois da trágica notícia sobre o irmão dela. Sei que num filme não tem como se explicar tudo o que o livro aborda, mas achei que essa ponta ficou solta.
“Sabe aqueles dias em que se está no vermelho? (…) Não o azul é como se você estivesse ficando gordo ou chovendo muito tempo. Você fica triste, mas estar no vermelho é horrível. Você começa a ficar com medo e não sabe por que. (…) Quando me sinto assim o que faço é pular dentro de um taxi e ir correndo para a Tiffany. (…) Aquela aparência e quietude, nada de ruim pode lhe acontecer lá”
Bonequinha de Luxo filme X livro
Em suma, achei digna a adaptação do livro pro cinema, mas confeço que esperava um pouco mais. Um fato a se considerar é que no livro, ao contrário do filme, não existe um final feliz.
Quando Paul Varjak (o jovem escritor apaixonado por Holly) e Holly se beijam debaixo de uma tempestade após encontrar o Gato. Na história original Paul não encontra o Gato, não consegue impedir que Holly venha para o Brasil e ainda termina a história escrevendo artigos para uma revista acadêmica.
Porém, pra mim isso não é um final feliz, ou é? Mas enfim, mesmo com todos esses tropeços e mudanças bruscas na história do roteiro. Tanto o livro como o filme são duas obras fantásticas que merecem ser apreciadas.
Recomendo que leiam o livro e assistam ao filme com a mente muito aberta. Ignorem as resenhas e tentem não olhar preconceituosamente Holly com a primeira impressão que tiverem. Precisei assistir sete vezes o filme pra entender o por que de tanto desapego da personagem. Mas o esclarecimento veio mesmo quando li o livro.
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O que mais me incomodou no livro vs. filme foi que Varjak no livro era basicamente o Capote. Tanto que salve engano, ele não eram nomeado. E isso, dava a entender que havia um grande fascínio dele pela Holly, mas não era no sentido romântico. Eles tinham uma linda amizade. O filme tira a carga da liberdade que a Holly tinha dentro do contexto de exploração e sobrevivência que ela tinha. Detestei o filme mesmo sabendo que foi feito para agradar um público dos anos 60.
Exatamente! Eu particularmente achei a Holly do filme muito bobinha em alguns momentos e o que mais me incomodou foi esse final de “e viveram felizes para sempre”, sendo que no livro não foi bem assim. Os dois tinham uma amizade linda e sei lá, o que deu no Capote, em transformar isso numa comédia romântica. Mas acredito que seja uma exigência de Hollywood, pois se o filme fosse como o livro, em pleno pós guerra, eles não podiam levar para os cinemas um filme onde a protagonista não termina com o “mocinho” e vai viver aventuras na América do Sul.