A geração que não sabe administrar seu tempo de tela

Tempo de tela

Estamos passando por uma fase onde todo mundo reclama e culpa o tempo de tela por todos os problemas que temos. Mas será mesmo que são as telas a nossa maior inimiga?

Para alguns, já podemos chamar o excesso do uso te telas, celulares e tablets, como o mal do século. Mas a questão é: para quem?

Eu mesma, trabalho há mais de 15 anos criando conteúdo para essas telinhas. Produzindo textos e imagens para que pessoas como você, possa consumir o que eu crio.

Estaria eu contribuindo para uma nova epidemia de usuários zumbis que só sabem ficar com olhar vidrado para essas telas?

Faço essas provocações, porque vejo muita gente vir para internet reclamar que estamos extrapolando o tempo de tela. Isso mesmo, as mesmas pessoas que reclamam estão usando as telas para falar mal das… telas.

Cãmera analógica

Sempre existiu este tipo de comportamento que o ser humano costuma terceirizar suas responsabilidades para os outros. A bola da vez são os aparelhos eletrônicos.

Crianças cada vez mais viciadas em conteúdos de baixa qualidade e curta duração, uma overdose de dopamina que não tem fim e pessoas incapazes de concluírem tarefas ou raciocínios básicos.

Sim, concordo que estamos vivendo um período conturbado em relação ao comportamento humano e dispositivos. Mas quem foi que afirmou que são os eletrônicos que estão fazendo isso com a gente?

Me lembro bem, meus pais, tios e avós falarem o mesmo da minha geração. A gente cresceu grudado numa tela chamada TV. Falavam que nosso cérebro ia derreter, que íamos ficar míopes, burros e por aí vai.

E aqui estamos, repetindo a mesma cartilha com a genZ.

Smartphone

Sinto muito em falar isso mas, os reais responsáveis por essa epidemia de zumbis tecnológicos somos nós.

O tempo de tela só passa a ser um problema para pessoas que não sabem gerenciar suas tarefas ou pessoas que preferem transferir suas responsabilidades para as telas.

Já cansei de ver pais entregando celular para seus filhos para que eles possam ter um minuto de descanso ou não precisarem ficar de olho nas crianças.

Falta de tempo, de paciência ou de disposição para fazer as coisas são desculpas muito utilizadas para terceirizarmos nossas obrigações para as telas.

Saber controlar o que vemos, fazemos e consumimos é o mínimo que se espera de um adulto. No entanto, o que acontece é exatamente o contrário.

Ao invés de usarmos nosso tempo de tela de forma produtiva, para aprender ou consumir coisas interessantes, a grande maioria prefere os conteúdos rasos, supérfluos e sem credibilidade.

Isto acontece porque temos uma leva de pessoas, de várias gerações, com preguiça de pensar, de fazer sinapses e colocar o Tico e o Teco pra funcionarem.

Não, o tempo que estamos perdendo em frente as telas não é culpa de um dispositivo, mas sim de nós seres humanos que não sabemos impor limites em nossas necessidades.

Estamos viciados em excessos e smartphones e tablets agora são os novos vilões. Cuide bem do que você consome, de quem segue e o tipo de conteúdo que compartilha. A responsabilidade de tudo isso é exclusivamente nossa!

Jornalista, mineira de Belo Horizonte, 33 anos e apaixonada por cravo, canela, café e chocolate. A mistura perfeita para uma vida perfeita e feliz. Nascida na era da internet, blogo desde 2008.