Já começo esta resenha dizendo: nada é o que parece ser. Se você pretende ler este folhetim de Nelson Rodrigues: A mentira, tenha isto em mente.
Ainda no prefácio fui avisada: não tire conclusões precipitadas. E foi exatamente o que fiz, a cada capítulo que lia, ia formando minha opinião sobre a trama que ao passar das folhas, ia mudando conforme a história se desenrola.
Sobre o autor
Nascido no Recife, em 1912, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família em 1916. Hoje Rodrigues é considerado um escritor controverso na literatura brasileira, escreveu várias peças de teatro, romances e muitos contos. Dentro a série mais famosa de contos dele temos: A vida como ela é. Que até ganhou adaptação na TV brasileira nos anos 90.
Nelson Rodrigues utiliza uma linguagem marcante em seus textos: simplicidade, gírias e muitas descrições pitorescas. Algo que não era muito comum para sua época.
Na maioria de suas obras, pra não dizer todas, temos a cidade carioca como pano de fundo em suas tramas. Nelas, Rodrigues aborda temas complexos para a sociedade na época, como: aborto, adultério, hipocrisia da sociedade, imoralidade e muito mais.
Eu particularmente gosto muito da escrita de Nelson Rodrigues. Uma linguagem simples, direta, com temáticas cotidianas e personagens que parecem ter saído da vida real.
Nelson Rodrigues: A mentira
Escrito em 1953, este romance de Nelson Rodrigues é aquele tipo de história que não tem um enredo tão envolvente que você não consegue mais largar o livro até terminar.
A Mentira foi exatamente assim: senti como se estivesse lendo uma fofoca daquelas e só consegui parar ao terminar o livro. Um recorde pra mim, pois levei menos de 2 dias lendo o livro.
Além da história envolvente, a linguagem simples e coloquial que o autor usa também facilita o entendimento.
Diálogos diretos, uso de gírias e muito tom sarcástico deixam a história ainda mais interessante e difícil de largar.
Arrisco a dizer que esta seja a obra ideal para iniciantes nos clássicos da literatura brasileira.
Enredo
Uma família tradicional do subúrbio carioca têm suas vidas viradas ao avesso após descobrirem que a filha caçula de apenas 14 anos está grávida. Um escândalo que acaba desencadeando um efeito dominó e abala a estrutura de toda a família. Mais surpreendente ainda é o pivô de toda esta tragicomédia.
E bota reviravolta nisso! O tipo de história que a gente pensa que conhece, mas no final, acaba nos surpreendendo.
Um aviso que dou a quem deseja ler A Mentira: leia o prefácio e acate o conselho dado nele: nem tudo é o que aparenta ser. Guardem este conselho, pois no desenrolar da história, você vai entender o porque dele.
Queria contar mais sobre minhas impressões desta leitura, mas se continuar, vou acabar tirando a graça. Pois não tem como falar da trama sem dar spoilers. Mas de uma coisa você pode ter certeza: de tédio você não morre durante a leitura.
Mas e você, já leu alguma “A Mentira” ou alguma outra obra de Nelson Rodrigues? Comente neste post o que achou da obra e o que mais gostou nela.
