Um dia desses, estava no Substack lendo uns textos, e acabei me deparando com postagens bem interessantes. Um dos posts questionava quando foi que paramos de sonhar. E isso me deu um estalo pra escrever este post, sobre a importância de continuarmos alimentando nossa criança interior.
Lembro-me bem quando era criança, era difícil lembrar de algum momento que me sentia cansada ou entediada. Cansaço? Só na hora de fazer o para casa, isso sim era integrante. Não entendia porque tinha que ficar sentada numa cadeira, fazendo as mesmas coisas que fazia na escolinha.
Acho que a intenção era mais testar a paciência e criatividade dos adultos, meus pais, já que todas as tarefas da escolinha sobravam pra eles fazerem.
Era um tal de arrumar revista pra picotar, depois eram tubos de colas que a gente gastava pra colar tudo que recortamos.
E hoje vejo essas atividades como essenciais para crianças e adultos. Não sei se a lógica das escolas primárias era essa. Mas no final, eu sempre ficava vendo minha mãe recortando palavras, colando no meu caderno e meu pai desesperado saindo pra comprar mais cola, porque a que tinha, não ia dar.
Memórias que alimentam nossa criança interior
Quando li o texto do substack, me lembrei instantaneamente desses momentos de minha infância. É por conta disso que paramos de sonhar?
Nos perdemos no fluxo de uma jornada que mais parece uma cilada: pagar contas, fazer mais dividas, ganhar dinheiro e trabalhar.
A nossa rotina é feita para sufocar nossa criatividade e silenciar nossa criança interior. Porque as crianças costumam pensar de forma mais simplista, não enxergam problemas, mas sim soluções. Elas não se contentam em seguir um padrão ou sistema, elas agem por instinto.

Aquele instinto que a gente vai largando de lado quando crescemos, pois precisamos ser racionais, complexos e muitas vezes redundantes.
Já parou pra ver seu álbum de fotos de quando era criança? Lembra quando foi a última vez que pisou descalço no chão de terra ou tomou chuva sem se preocupar se vai resfriar?
É esse tipo de coisa que nos é tirada aos poucos quando crescemos.
Alimentos que abraçam nossa criança interna
Para eu alimentar minha criança interior, basta começar a ver os desenhos que a gente costumava assistir na infância. TV Manchete (quem é milenial vai saber) era tudo na minha vida.
Ficava literalmente grudada na tela da TV, que pra mudar de canal, tinha que levantar e apertar os botões.
Puro suco do meu entretenimento era assistir “Jiraiya: o incrível ninja“, “Jaspion“, “O policial de aço: Jiban” e “Kamen Rider” foi o início de uma trajetória no entretenimento dos anos 90.
Naquela época, era preciso usar bastante a criatividade pra se entreter. Quando os meus pais achavam que eu tava muito “grudada na TV”, eles mandavam eu ir correr e brincar na rua.
Na rua, eu e outras crianças brincávamos de pique-bandeira, queimada e esconde-esconde. Ou também inventávamos brincadeiras pra não ficar fazendo sempre a mesma coisa.
Mas nem tudo eram flores, também haviam os problemas que enfrentávamos. E o mais complexo que tínhamos: qual lápis de cor usar pra pintar o desenho que a tia da escolinha passava pra gente. E isso era um problemão, porque dependendo da cor do lápis, dava até briga e das feias.
Mas tudo era resolvido quando a tia (professora) rodava novos desenhos no mimeógrafo, e a gente corria pra pegar o papel ainda molhado pra sentir o cheirinho de álcool evaporando da folha. Ahhhh coisa boa!
No recreio, para a nossa felicidade, e desespero das mães, a gente trocava nossos lanches entre outros coleguinhas. Dávamos para o outro o que a gente não gostava e vice versa. Já aconteceu de um coleguinha sair passando mal por conta disso e a mãe não entender o porquê. Mas no fim das contas, todos ficavam bem.
Sendo bem sincera…
Não me lembro quando foi que comecei a parar de alimentar minha criança interior. Mas de uma coisa tenho certeza: escrevendo este post, consigo me lembrar bem do que realmente me fazia feliz. E não é que me deu vontade de repetir essas coisas?
Nem lembro quando foi a última vez que peguei num lápis de cor, quando parei pra assistir meus desenhos favoritos ou comer aquela comida com um quê afetivo.
Deixei a rotina ir me ocupando e acabei esquecendo do que realmente importa. Hoje trabalho e tenho meu dinheiro, então, por quê não reviver essas lembranças que tanto me fazem recordar de um tempo bom?
Não é sobre se infantilizar, mas sim revisitar memórias afetivas que alimentam nossa criança interior. Que está dentro de nós só esperando por um pedacinho dessa espontaneidade para voltar a sentir o gostinho daquele tempo de infância!
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